§836. "Todos os homens, pois, são
chamados a esta católica unidade do Povo de Deus, que prefigura e promove a paz
universal. A ela pertencem ou são ordenados de modos diversos quer os fiéis
católicos, quer os outros crentes em Cristo, quer, enfim, os homens em geral,
chamados à salvação pela graça de Deus.
§837. "São incorporados plenamente à sociedade, que é a
Igreja, os que, tendo o Espírito de Cristo, aceitam a totalidade de sua
organização e todos os meios de salvação nela instituídos e em sua estrutura
visível - regida por Cristo por meio do Sumo Pontífice e dos Bispos se unem com
Ele pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do regime eclesiástico
e da comunhão. Contudo não se salva, embora esteja incorporado à Igreja, aquele
que, não perseverando na caridade, permanece dentro da Igreja 'com o corpo',
mas não 'com o coração."
§838. Por muitos títulos a Igreja
sabe-se ligada aos batizados que são ornados com o nome cristão, mas não
professam na íntegra a fé ou não guardam a unidade da comunhão sob o Sucessor
de Pedro. "Aqueles que crêem em Cristo e foram devidamente batizados estão
constituídos em certa comunhão, embora não perfeita, com a Igrejacatólica."
Com as Igrejas ortodoxas, esta comunhão
é tão profunda "que falta bem pouco para que ela atinja a plenitude que
autoriza uma celebração comum da Eucaristia do Senhor".
A IGREJA E OS NÃO-CRISTÃOS
§839. "Os que ainda não receberam
o Evangelho também se ordenam por diversos modos ao Povo de Deus."
A
relação da Igreja com o Povo Hebreu. A Igreja, Povo de Deus na Nova
Aliança, descobre, ao perscrutar seu próprio ministério, seus vínculos com o
Povo Hebreu “a quem Deus falou em primeiro lugar".
Ao contrário
das outras religiões não-cristãs, a fé hebraica já é resposta à revelação de
Deus na Antiga Aliança. É ao Povo Hebreu que "pertencem a adoção filial, a
glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas e os patriarcas, dos
quais descende Cristo, segundo a carne" (Rm 9,4-5), pois "os dons e o
chamado de Deus são sem arrependimento" (Rm 11, 29).
§840. De resto, quando se considera o
futuro, o povo de Deus da Antiga Aliança e o novo Povo de Deus tendem para fins
análogos: a espera da vinda (ou da volta) do Messias. Mas o que se espera é do
lado dos cristãos, a volta do Messias, morto e ressuscitado, reconhecido como
Senhor e Filho de Deus, e do lado dos hebreus, a vinda do Messias - cujos
traços permanecem encobertos -, no fim dos tempos, espera esta acompanhada do
drama da ignorância ou do desconhecimento de Cristo Jesus.
§841. As
relações da Igreja com os muçulmanos. "Mas o plano de salvação
abrange também aqueles que reconhecem o Criador. Entre eles, em primeiro lugar,
os muçulmanos, que, professando manter a fé de Abraão, adoram conosco o Deus
único, misericordioso, juiz dos homens no último dia."
§842. O
vínculo da Igreja com as religiões não-cristãs é primeiramente o da
origem e do fim comuns do gênero humano:
- Com
efeito, todos os povos constituem uma só comunidade. Têm uma origem comum,
visto que Deus fez todo o gênero humano habitar a face da terra. Têm
igualmente um único fim comum, Deus, cuja providência, testemunhos de
bondade e planos de salvação abarcam a todos, até os eleitos se reunirem
na Cidade Santa.
§843. A Igreja reconhece nas outras
religiões a busca, "ainda nas sombras e sob imagens", do Deus
desconhecido, mas próximo, pois é Ele quem dá a todos vida, respiração e tudo o
mais, e porque quer que todos os homens sejam salvos. Assim, a Igreja considera
tudo o que pode haver de bom e de verdadeiro nas religiões "como uma
preparação evangélica dada por Aquele que ilumina todo homem para que,
finalmente, tenha a vida".
§844. Em seu comportamento religioso,
porém, os homens mostram também limitações e erros que desfiguram neles a
imagem de Deus:
- Muitas vezes os homens, enganados pelo Maligno, se enganaram em seus pensamentos e trocaram a verdade de Deus pela mentira, servindo à criatura mais que ao Criador, ou, vivendo e morrendo sem Deus neste mundo, se expõem ao extremo desespero.
§845. É para reunir novamente todos os
seus filhos - que o pecado dispersou e desgarrou -- que o Pai quis convocar
toda a humanidade na Igreja de seu Filho. A Igreja é o lugar em que a
humanidade deve reencontrar sua unidade e sua salvação. Ela é "o mundo
reconciliado".
Ela é esse
navio que "navega bem neste mundo ao sopro do Espírito Santo com as velas
da Cruz do Senhor plenamente desfraldadas". Segundo outra imagem cara aos
Padres da Igreja, ela é figurada pela Arca de Noé, a única que salva do dilúvio
(IPedro3,20s).
CIC - Catecismo da Igreja Católica
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