terça-feira, 24 de junho de 2014

Igreja Apostólica

§857. A Igreja é apostólica por ser fundada sobre os apóstolos, e isto em um tríplice sentido:
1º.    ela foi e continua sendo construída sobre "o fundamento dos apóstolos" (Efésios 2,20), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo;
2º.    ela conserva e transmite, com a ajuda do Espírito que ela habita, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos apóstolos;
3º.    ela continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos apóstolos até a volta de Cristo, graças aos que a eles sucedem na missão pastoral: o colégio dos bispos, "assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja".

"Pastor eterno, vós não abandonais o rebanho, mas o guardais constantemente pela proteção dos Apóstolos. E assim a Igreja é conduzida pelos mesmos pastores que pusestes à sua frente como representantes de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso".

A Missão dos Apóstolos
§858. Jesus é o Enviado do Pai. Desde o início de seu ministério "chamou a si os que quis, e dentre eles escolheu Doze para estarem com ele e para enviá-los a pregar" (Marcos 3,13-14). A partir daquela hora eles serão os seus "enviados" (é o que significa a palavra grega "apóstolo"). Neles continua a sua própria missão: "Como o Pai me enviou, eu também vos envio" (João 20,21). Seu ministério é, portanto, a continuação de sua própria missão: "Quem vos recebe a mim recebe", diz ele aos Doze (Mateus 10,40).

§859. Jesus associa-os à missão que recebeu do Pai: como "o Filho não pode fazer nada por si mesmo" (João 5,19.30), mas recebe tudo do Pai que o enviou, assim os que Jesus envia nada podem fazer sem ele, de quem recebem o mandato de missão e o poder de exercê-lo.
Os Apóstolos de Cristo sabem, portanto, que são qualificados por Deus como:
  • "ministros de Uma aliança nova" (2ª Coríntios 3,6),
  • "ministros de Deus" (2ª Coríntios 6,4),
  • "embaixadores de Cristo" (2ª Coríntios 5,20),
  • "servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus" (1ª Coríntios 4,1). 
§860. No encargo dos Apóstolos, há um aspecto não-transmissível: serem as testemunhas escolhidas da Ressurreição do Senhor e os fundamentos da Igreja.
Mas há também um aspecto permanente de seu ofício. Cristo prometeu-lhes ficar com eles até o fim dos tempos.
"Esta missão divina confiada por Cristo aos Apóstolos deverá durar até o fim dos séculos já que o Evangelho que eles devem transmitir é para a Igreja, em todos os tempos, a fonte de toda vida. Por esta razão os apóstolos cuidaram de instituir sucessores."

Os Bispos, Sucessores dos Apóstolos
§861. "Para que a missão a eles confiada fosse continuada após sua morte, confiaram a seus cooperadores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os instituíra para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim de que, quando eles morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério."

§862. "Assim como permanece o múnus que o Senhor concedeu singularmente a Pedro, o primeiro dos apóstolos, a ser transmitido a seus sucessores, da mesma forma permanece o múnus dos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido para sempre pela sagrada ordem dos Bispos." Eis por que a Igreja ensina que "os bispos, por instituição divina, sucederam aos apóstolos como pastores da Igreja, de sorte quem os ouve, ouve a Cristo, e quem os despreza, despreza a Cristo e aquele por quem Cristo foi enviado".

O Apostolado
§863. Toda a Igreja é apostólica na medida em que, por meio dos sucessores de São Pedro e dos apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com sua origem.
Toda a Igreja é apostólica na medida em que é "enviada" ao mundo inteiro; todos os membros da Igreja, ainda que de formas diversas, participam deste envio.
"A vocação cristã é também por natureza vocação ao apostolado." Denomina-se "apostolado" "toda a atividade do Corpo Místico" que tende a "estender o reino de Cristo a toda a terra".

§864. "Sendo Cristo enviado pelo Pai a fonte e a origem de todo apostolado da Igreja", é evidente que a fecundidade do apostolado, tanto o dos ministros ordenados como o dos leigos, depende de sua união vital com Cristo. De acordo com as vocações, os apelos da época e os dons variados do Espírito Santo, o apostolado assume as formas mais diversas. Mas é sempre a caridade, haurida sobretudo na Eucaristia, "que e como que a alma de todo apostolado".

§865. A Igreja é una, santa, católica e apostólica em sua identidade profunda e última, porque é nela que já existe e será consumado no fim dos tempos "o Reino dos céus", "o Remo de Deus", que veio na Pessoa de Cristo e cresce misteriosamente no coração dos que lhe são incorporados, até sua plena manifestação escatológica.
Então todos os homens remidos por ele, tornados nele "santos e imaculados na presença de Deus no Amor", serão reunidos como o único Povo de Deus, "a Esposa do Cordeiro", "a Cidade Santa descida do Céu, de junto de Deus, com a Glória de Deus nela", e "a muralha da cidade tem doze alicerces, sobre os quais estão os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro" (Apocalipse 21,14).

CIC - Catecismo da Igreja Católica

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