§857. A Igreja é apostólica por ser
fundada sobre os apóstolos, e isto em um tríplice sentido:
1º. ela
foi e continua sendo construída sobre "o fundamento dos apóstolos"
(Efésios 2,20), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo;
2º. ela
conserva e transmite, com a ajuda do Espírito que ela habita, o ensinamento, o
depósito precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos apóstolos;
3º. ela
continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos apóstolos até a volta de
Cristo, graças aos que a eles sucedem na missão pastoral: o colégio dos bispos,
"assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor
supremo da Igreja".
"Pastor eterno,
vós não abandonais o rebanho, mas o guardais constantemente pela proteção dos
Apóstolos. E assim a Igreja é conduzida pelos mesmos pastores que pusestes à
sua frente como representantes de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor
nosso".
A Missão dos Apóstolos
§858. Jesus é o Enviado do Pai. Desde o
início de seu ministério "chamou a si os que quis, e dentre eles escolheu
Doze para estarem com ele e para enviá-los a pregar" (Marcos 3,13-14). A
partir daquela hora eles serão os seus "enviados" (é o que significa
a palavra grega "apóstolo"). Neles continua a sua própria missão:
"Como o Pai me enviou, eu também vos envio" (João 20,21). Seu
ministério é, portanto, a continuação de sua própria missão: "Quem vos
recebe a mim recebe", diz ele aos Doze (Mateus 10,40).
§859. Jesus associa-os à missão que
recebeu do Pai: como "o Filho não pode fazer nada por si mesmo" (João
5,19.30), mas recebe tudo do Pai que o enviou, assim os que Jesus envia nada
podem fazer sem ele, de quem recebem o mandato de missão e o poder de exercê-lo.
Os Apóstolos
de Cristo sabem, portanto, que são qualificados por Deus como:
- "ministros
de Uma aliança nova" (2ª Coríntios 3,6),
- "ministros
de Deus" (2ª Coríntios 6,4),
- "embaixadores
de Cristo" (2ª Coríntios 5,20),
- "servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus" (1ª Coríntios 4,1).
§860. No encargo dos Apóstolos, há um
aspecto não-transmissível: serem as testemunhas escolhidas da Ressurreição do
Senhor e os fundamentos da Igreja.
Mas há também
um aspecto permanente de seu ofício. Cristo prometeu-lhes ficar com eles até o
fim dos tempos.
"Esta
missão divina confiada por Cristo aos Apóstolos deverá durar até o fim dos
séculos já que o Evangelho que eles devem transmitir é para a Igreja, em todos
os tempos, a fonte de toda vida. Por esta razão os apóstolos cuidaram de
instituir sucessores."
Os Bispos, Sucessores dos Apóstolos
§861. "Para que a missão a eles
confiada fosse continuada após sua morte, confiaram a seus cooperadores
imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra
iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o
Espírito Santo os instituíra para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram,
pois, tais varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim de que,
quando eles morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério."
§862. "Assim como permanece o
múnus que o Senhor concedeu singularmente a Pedro, o primeiro dos apóstolos, a
ser transmitido a seus sucessores, da mesma forma permanece o múnus dos
Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido para sempre pela
sagrada ordem dos Bispos." Eis por que a Igreja ensina que "os
bispos, por instituição divina, sucederam aos apóstolos como pastores da
Igreja, de sorte quem os ouve, ouve a Cristo, e quem os despreza, despreza a
Cristo e aquele por quem Cristo foi enviado".
O Apostolado
§863. Toda a Igreja é apostólica na
medida em que, por meio dos sucessores de São Pedro e dos apóstolos, permanece
em comunhão de fé e de vida com sua origem.
Toda a Igreja
é apostólica na medida em que é "enviada" ao mundo inteiro; todos os
membros da Igreja, ainda que de formas diversas, participam deste envio.
"A
vocação cristã é também por natureza vocação ao apostolado." Denomina-se
"apostolado" "toda a atividade do Corpo Místico" que tende
a "estender o reino de Cristo a toda a terra".
§864. "Sendo Cristo enviado pelo
Pai a fonte e a origem de todo apostolado da Igreja", é evidente que a
fecundidade do apostolado, tanto o dos ministros ordenados como o dos leigos,
depende de sua união vital com Cristo. De acordo com as vocações, os apelos da
época e os dons variados do Espírito Santo, o apostolado assume as formas mais
diversas. Mas é sempre a caridade, haurida sobretudo na Eucaristia, "que e
como que a alma de todo apostolado".
§865. A Igreja é una, santa, católica e apostólica em sua identidade profunda e
última, porque é nela que já existe e será consumado no fim dos tempos "o
Reino dos céus", "o Remo de Deus", que veio na Pessoa de Cristo
e cresce misteriosamente no coração dos que lhe são incorporados, até sua plena
manifestação escatológica.
Então todos os
homens remidos por ele, tornados nele "santos e imaculados na presença de
Deus no Amor", serão reunidos como o único Povo de Deus, "a Esposa do
Cordeiro", "a Cidade Santa descida do Céu, de junto de Deus, com a
Glória de Deus nela", e "a muralha da cidade tem doze alicerces,
sobre os quais estão os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro" (Apocalipse
21,14).
CIC - Catecismo da Igreja Católica
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