A constituição hierárquica da Igreja
Função de
Ensinar
§888. Os Bispos, junto com os
presbíteros, seus cooperadores, "têm como primeira tarefa anunciar o
Evangelho de Deus a todos homens”, segundo a ordem do Senhor. São "os
arautos da fé, que levam a Cristo novos discípulos, os doutores
autênticos" da fé apostólica, "providos da autoridade de
Cristo".
§889. Para manter a Igreja na pureza
da fé transmitida pelos apóstolos, Cristo quis conferir à sua Igreja
uma participação em sua própria infalibilidade, ele que é a Verdade. Pelo
"sentido sobrenatural da fé", o Povo de Deus "se atém
indefectivelmente à fé", sob a guia do Magistério vivo da Igreja.
§890. A missão do Magistério está
ligada ao caráter definitivo da Aliança instaurada por Deus em Cristo com seu
Povo; deve protegê-lo dos desvios e dos afrouxamentos e garantir-lhe a
possibilidade objetiva de professar sem erro a fé autêntica.
O ofício
pastoral do Magistério está, assim, ordenado ao cuidado para que o Povo de Deus
permaneça na verdade que liberta. Para executar este serviço, Cristo dotou os
pastores do carisma de infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O
exercício deste carisma pode assumir várias modalidades.
§891. "Goza desta infalibilidade o
Pontífice Romano, chefe do colégio dos Bispos, por força de seu cargo quando,
na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis e encarregado de
confirmar seus irmãos na fé, proclama, por um ato definitivo, um ponto de
doutrina que concerne à fé ou aos costumes... A infalibilidade prometida à
Igreja reside também no corpo episcopal quando este exerce seu magistério supremo
em união com o sucessor de Pedro", sobretudo em um Concílio Ecumênico.
Quando, por
seu Magistério supremo, a Igreja propõe alguma coisa "a crer como sendo
revelada por Deus" como ensinamento de Cristo, "é preciso aderir na
obediência da fé a tais definições. Esta infalibilidade tem a mesma extensão
que o próprio depósito da Revelação divina.
§892. A assistência divina é também
dada aos sucessores dos apóstolos, ao ensinarem em comunhão com o sucessor de
Pedro e, de modo particular, com o Bispo de Roma, Pastor de toda a Igreja,
quando, mesmo sem chegar a uma definição infalível e sem se pronunciar de
"forma definitiva", propõem no exercício do magistério ordinário um
ensinamento que leva a uma compreensão melhor da Revelação em matéria de fé e
de costumes. A este ensinamento ordinário os fiéis devem "ater-se com
religioso obséquio do espírito" qual, embora se distinga do assentimento
da fé, o prolonga.
Função de Santificar
§893. O Bispo tem, também, "a
responsabilidade de ministrar a graça do sacerdócio supremo" em particular
na Eucaristia, que ele mesmo oferece ou da qual garante a oblação pelos
presbíteros, seus cooperadores.
Pois a
Eucaristia é o centro da vida da Igreja particular. O Bispo e os presbíteros
santificam a Igreja por sua oração e seu trabalho, pelo ministério da palavra e
dos sacramentos. Santificam-na por seu exemplo, "não agindo como senhores
daqueles que vos couberam por sorte, mas, antes, como modelos do rebanho"
(1ªPedro 5,3). É assim que "chegam, com o rebanho que lhes está confiado,
à vida eterna".
Função de Reger
§894. "Os Bispos dirigem suas
Igrejas particulares como vigários e delegados de Cristo com conselhos,
exortações e exemplos, mas também com autoridade e com poder sagrado", o
qual, porém, devem exercer para edificar, no espírito de serviço que
caracteriza o de seu Mestre.
§895. "Este poder, que exercem
pessoalmente em nome de Cristo, é um poder próprio, ordinário e imediato; em
seu exercício, porém, está submetido à regulamentação última da autoridade
suprema da Igreja." Todavia, não se devem considerar os Bispos como
vigários do Papa, cuja autoridade ordinária e imediata sobre toda a Igreja não
anula, ao contrário, confirma e defende a deles. Esta deve ser exercida em
comunhão com toda a Igreja, sob a condução do Papa.
§896. O Bom Pastor será o modelo e a
"forma" do múnus pastoral do bispo. Consciente de suas fraquezas,
"o Bispo pode compadecer-se dos ignorantes e extraviados. Não se negue,
pois, a atender aos súditos, amando-os como verdadeiros filhos e exortando-os
para que alegremente colaborem com ele... Por sua vez, os fiéis devem estar
unidos a seu Bispo como a Igreja a Jesus Cristo, e Jesus Cristo ao Pai".
- Segui todos o Bispo, como Jesus Cristo [segue] seu Pai, e o presbitério como aos apóstolos; quanto aos diáconos, respeitai-os como a lei de Deus. Que ninguém faça sem o Bispo nada do que diz respeito à Igreja.
CIC - Catecismo da Igreja Católica
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