Um duro combate
- A doutrina sobre o pecado
original ligada à doutrina da Redenção por meio de Cristo propicia um olhar de
discernimento lúcido sobre a situação do homem e de sua ação no mundo.
- Pelo pecado dos primeiros pais,
o Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem, embora este último permaneça
livre.
- O pecado original acarreta a
''servidão debaixo do poder daquele que tinha o império da morte, isto é, do
Diabo". Ignorar que o homem tem uma natureza lesada, inclinada ao mal, dá lugar
a graves erros no campo da educação, da política, da ação social e, dos
costumes.
- As consequências do pecado
original e de todos os pecados pessoais dos homens conferem ao mundo em seu
conjunto uma condição pecadora, que pode ser designada com a expressão de São
João:
"O pecado do
mundo" (Jo 1,29).
- Com esta expressão quer-se exprimir
também a influência negativa que exercem sobre as pessoas as situações
comunitárias e as estruturas sociais, que são o fruto dos pecados dos homens.
- Esta situação dramática do
mundo, que "inteiro está sob o poder do Maligno" (1Jo 5,19), faz da
vida do homem um combate:
- Uma
luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da
humanidade.
Iniciada desde
a origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor.
Inserido nesta
batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a
unidade interior senão com grandes labutas e o auxílio da graça de Deus.
"Não o abandonaste ao poder da
morte"
- Depois da queda, o homem não
foi abandonado por Deus.
- Ao contrário, Deus o chama e
lhe anuncia de modo misterioso a vitória sobre o mal e o soerguimento da queda.
Esta passagem do Gênesis foi chamada de "proto-evangelho", por ser o
primeiro anúncio do Messias redentor, a do combate entre a serpente e a Mulher
e a vitória final de um descendente desta última.
- A tradição cristã vê nesta
passagem um anúncio do "novo Adão", que, por sua "obediência até
a morte de Cruz" (Fl 2,8), repara com superabundância a desobediência de
Adão.
- De resto, numerosos Padres e
Doutores da Igreja vêem na mulher anunciada no "proto-evangelho" a
mãe de Cristo, Maria, como "nova Eva":
- Foi ela
que, primeiro e de uma forma única, se beneficiou da vitória sobre o
pecado conquistada por Cristo: ela foi preservada de toda mancha do pecado
original e durante toda a vida terrestre, por uma graça especial de Deus,
não cometeu nenhuma espécie de pecado.
- Mas por que Deus não impediu
o primeiro homem de pecar?
*São Leão Magno responde: "A
graça inefável de Cristo deu-nos bens melhores do que aqueles que a inveja do
Demônio nos havia subtraído".
*E Santo Tomás de Aquino:
"Nada obsta' a que a natureza humana tenha sido destinada a um fim mais
elevado após o pecado. Com efeito, Deus permite que os males aconteçam para
tirar deles um bem maior. Donde a palavra de São Paulo: 'Onde abundou o pecado
superabundou a graça" (Rm 5,20). E o canto do Exultet:
"Ó feliz culpa,
que mereceu tal e tão grande Redentor".
CIC-Catecismo da Igreja Católica
§407-412
Nenhum comentário:
Postar um comentário