Eucaristia, penhor da glória futura
- Em uma oração, a Igreja
aclama o mistério da Eucaristia:
“O sagrado
banquete, em que de Cristo nos alimentamos. Celebra-se a memória de sua Paixão,
o espírito é repleto de graças e se nos dão penhor da glória".
- Se a Eucaristia é o memorial
da Páscoa do Senhor, se por nossa comunhão ao altar somos repletos "de
todas as graças e bênçãos do céu", a Eucaristia é também a antecipação da
glória celeste.
- Quando da última Ceia, o
Senhor mesmo dirigia o olhar de seus discípulos para a realização da Páscoa no
Reino de Deus:
"Desde agora
não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco beberei o
vinho novo no Reino de meu Pai" (Mt 26,29).
- Toda vez que a Igreja
celebra a Eucaristia lembra-se desta promessa, e seu olhar se volta para
"aquele que vem" (Ap 1,4).
- Em sua oração, suspira por
sua vinda:
"Maran
athá" (1 Cor 16,22), "Vem, Senhor Jesus" (Ap 22,20),
"Venha vossa
graça e passe este mundo!"
- A Igreja sabe que, desde
agora, o Senhor vem em
sua Eucaristia , e que ali Ele está, no meio de nós.
- Contudo, esta presença é velada.
Por isso, celebramos a Eucaristia
“expectantes aguardando
a bem-aventurada esperança e a vinda de nosso Salvador Jesus Cristo",
pedindo "saciar-nos eternamente da vossa glória, quando enxugardes toda
lágrima dos nossos olhos. Então, contemplando-vos como sois, seremos para
sempre semelhantes a vós e cantaremos sem cessar os vossos louvores, por
Cristo, Senhor nosso".
- Desta grande esperança, a
dos céus novos e da terra nova nos quais habitará a justiça, não temos penhor
mais seguro, sinal mais manifesto do que a Eucaristia.
- Com efeito, toda vez que é
celebrado este mistério, "opera-se a obra da nossa redenção" e nós
"partimos um mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto não para a
morte, mas para a vida eterna em Jesus Cristo ".
CIC-Catecismo da Igreja Católica §1402-1405
Já não é pão
- Que aconteceu exatamente quando
Jesus disse na Última Ceia (e os sacerdotes esta manhã na Missa): “Isto é o meu corpo” sobre o pão, e “Este é o cálice do meu sangue” sobre o
vinho?
- Cremos que a substância do pão
deixou de existir completa e totalmente, e que a substância do próprio Corpo de
Cristo substituiu a substância do pão que foi aniquilada.
- Cremos também que Jesus, pelo
seu poder onipotente como Deus, preservou as aparências do pão e do vinho,
apesar de as respectivas substâncias terem desaparecido.
- Por ‘aparências’ de pão
e de vinho entendemos todas as formas externas e acidentais que de um modo ou
de outro podem ser percebidas pelos sentidos (audição, visão, olfato, paladar, tato).
- A Sagrada Eucaristia ainda
parece pão e vinho, ainda tem o sabor do pão e do vinho e cheira a pão e vinho,
ainda é sensível ao tato como pão e vinho, e, se a partíssemos ou
derramássemos, espalhar-se-ia como o pão e ovinho.
-
Mesmo que fizéssemos um exame microscópico, eletrônico e radiológico, só
poderíamos perceber nela as qualidades do pão e do vinho.
- Com efeito, a observação humana só pode obter a aparência externa
de qualquer coisa. A sua
configuração, a sua reação a determinadas circunstâncias, as leis físicas a que
parece obedecer, são as únicas questões que a ciência pode investigar.
- Mas a substância de uma coisa, o que lhe está subjacente, a substância como substância, está fora do alcance dos sentidos e dos instrumentos
humanos.
- Evidentemente, é um milagre; um
milagre contínuo, realizado centenas de milhares de vezes por dia pelo poder
infinito de Deus.
- Cabe ainda dizer que é um duplo
milagre: é o milagre da transformação do
pão e do vinho em Jesus
Cristo ; e o milagre adicional pelo qual Deus mantém as
aparências do pão e do vinho ainda que a substância subjacente tenha
desaparecido, como se o rosto de uma pessoa permanecesse num espelho depois de
a pessoa ter-se retirado.
- A mudança operada pelas
palavras da consagração é de um tipo especial, e a Igreja teve de cunhar um
termo especial para a designar: transubstanciação,
que, literalmente, significa a passagem de uma substância para outra; neste
caso, é uma singular espécie de mudança.
- Jesus Cristo, todo e inteiro,
está presente na Sagrada Eucaristia sob as aparências do pão e do vinho.
- Está presente simultaneamente
em cada uma das hóstias consagradas de cada altar de todo o mundo e em cada
cálice consagrado onde quer que se celebre a Santa Missa.
- Mais ainda, Jesus todo e
inteiro está presente em cada partícula consagrada e em cada gota de vinho
consagrado.
- Se a Sagrada Hóstia se divide –como o sacerdote o faz durante a missa- ,
Jesus está totalmente presente em cada uma das partes. Se caísse ao chão uma
partícula da Hóstia consagrada ou se derramasse uma gota do Cálice, Jesus
estaria presente todo e inteiro nessa partícula e nessa gota.
- É por isso que os panos de
altar têm que ser lavados com a máxima reverência, porque pode haver aderida a
eles uma partícula das Sagradas Espécies. Estes panos de altar compreendem o corporal, sobre o qual se coloca
a patena com a Hóstia e o Cálice consagrados durante a Missa; e o sanguíneo, o pano com que o
sacerdote enxuga os lábios depois de consumir o precioso Sangue e seca os dedos
e o cálice depois de lavar o cálice com vinho e água, ou só com água.
-
Jesus, evidentemente, não deixa o seu lugar no céu, ‘a direita do Pai’, para se
tornar presente na Sagrada Eucaristia. Permanece no céu e está no altar. Quem
se faz presente sob as aparências do pão e do vinho é o corpo glorificado
de Jesus, o seu corpo tal como está no céu.
- A presença de Jesus na
Eucaristia –sob dimensões tão pequenas e
em tantos lugares ao mesmo tempo- parece suscitar duas aparentes
dificuldades:
*Como
pode um corpo humano estar presente num espaço tão pequeno?
*Como
pode um corpo humano estar em vários lugares ao mesmo tempo?
- Estas dificuldades, é claro,
são apenas aparentes.
- Deus assim o fez; portanto,
pode ser feito. Deve-se recordar que Deus é o autor da natureza, o amo e o
Senhor da Criação.
- As leis físicas do universo
foram estabelecidas por Ele, e Ele pode suspender a sua ação se assim o quiser,
sem que o seu poder infinito tenha que fazer nenhum esforço.
- Portanto, Jesus está ali na
plenitude da sua Pessoa Glorificada, de uma maneira espiritualizada, sem
extensão nem espaço. Não tem altura, largura ou espessura.
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