Lugares de encontro com Jesus Cristo
§246. O encontro com Cristo, graças à ação invisível do Espírito Santo,
realiza-se na fé recebida e vivida na Igreja.
- Com as palavras do papa Bento
XVI, repetimos com certeza:
“A Igreja é nossa
casa! Esta é nossa casa! Na Igreja Católica temos tudo o que é bom, tudo o que
é motivo de segurança e de consolo!
Quem aceita a Cristo:
Caminho, Verdade e Vida, em sua totalidade, tem garantida a paz e a felicidade,
nesta e na outra vida!”
§247. Encontramos Jesus na Sagrada Escritura, lida na Igreja.
- A Sagrada Escritura, “Palavra
de Deus escrita por inspiração do Espírito Santo”, é, com a Tradição, fonte de
vida para a Igreja e alma de sua ação evangelizadora. Desconhecer a Escritura é
desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Daí o convite de Bento XVI:
“Ao iniciar a nova etapa que a
Igreja missionária da América Latina e do Caribe se dispõe a empreender, a
partir desta V Conferência em Aparecida, é condição indispensável o conhecimento
profundo e vivencial da Palavra de Deus.
- Por isso, é necessário educar o
povo na leitura e na meditação da Palavra: que ela se converta em seu alimento
para que, por experiência própria, vejam que as palavras de Jesus são espírito
e vida (cf.Jo 6,63).
- Do contrário, como vão anunciar
uma mensagem cujo conteúdo e espírito não conhecem profundamente? É preciso fundamentar
nosso compromisso missionário e toda a nossa vida na rocha da Palavra de Deus”.
§248. Faz-se, pois, necessário propor aos fiéis a Palavra de Deus
como dom do Pai para o encontro com Jesus Cristo vivo, caminho de “autêntica
conversão e de renovada comunhão e solidariedade”.
- Essa proposta será mediação de
encontro com o Senhor se for apresentada a Palavra revelada, contida na
Escritura, como fonte de evangelização.
- Os discípulos de Jesus desejam
alimentar-se com o Pão da Palavra: querem chegar à interpretação adequada dos
textos bíblicos, empregá-los como mediação de diálogo com Jesus Cristo, e a que
sejam alma da própria evangelização e do anúncio de Jesus a todos.
- Por isso, a importância de uma
“pastoral bíblica”, entendida como animação bíblica da pastoral, que seja
escola de interpretação ou conhecimento da Palavra, de comunhão com Jesus ou
oração com a Palavra, e de evangelização inculturada ou de proclamação da Palavra.
- Isso exige, da parte dos
bispos, presbíteros, diáconos e ministros leigos da Palavra, uma aproximação à
Sagrada Escritura que não seja só intelectual e instrumental, mas com coração “faminto
de ouvir a Palavra do Senhor” (Am 8,11).
§249. Entre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura
existe uma privilegiada à qual todos somos convidados:
- a
Lectio divina ou exercício de leitura orante da Sagrada Escritura.
- Essa leitura orante, bem
praticada:
- conduz
ao encontro com Jesus-Mestre,
- ao
conhecimento do mistério de Jesus-Messias,
- à
comunhão com Jesus-Filho de Deus
- e ao
testemunho de Jesus-Senhor do universo.
- Com seus quatro momentos
(leitura, meditação, oração, contemplação), a leitura orante favorece o encontro
pessoal com Jesus Cristo semelhante ao modo de tantos personagens do evangelho:
- Nicodemos
e sua ânsia de vida eterna (cf. Jo 3,1-21),
- a
Samaritana e seu desejo de culto verdadeiro (cf. Jo 4,1-42),
- o cego
de nascimento e seu desejo de luz interior (cf. Jo 9),
- Zaqueu
e sua vontade de ser diferente (cf. Lc 19,1-10)...
- Todos eles, graças a esse
encontro, foram iluminados e recriados porque se abriram à experiência da
misericórdia do Pai que se oferece por sua Palavra de verdade e vida. Não
abriram o coração para algo do Messias, mas ao próprio Messias, caminho de
crescimento na “maturidade conforme a sua plenitude” (Ef 4,13), processo de
discipulado, de comunhão com os irmãos e de compromisso com a sociedade.
§250. Encontramos Jesus Cristo, de modo admirável, na Sagrada
Liturgia.
- Ao vivê-la, celebrando o
mistério pascal, os discípulos de Cristo penetram mais nos mistérios do Reino e
expressam de modo sacramental sua vocação de discípulos e missionários.
- A Constituição sobre a Sagrada
Liturgia do Vaticano II nos mostra o lugar e a função da liturgia no seguimento
de Cristo, na ação missionária dos cristãos, na vida nova em Cristo e na vida
de nossos povos nEle.
§251. A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com
Jesus Cristo. Com este Sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar
em seu dinamismo em relação a Deus e ao próximo. Existe estreito vínculo
entre as três dimensões da vocação cristã:
- crer,
- celebrar
e
- viver o
mistério de Jesus Cristo, de tal modo que a existência cristã adquira
verdadeiramente forma eucarística.
- Em cada Eucaristia, os cristãos
celebram e assumem o mistério pascal, participando nEle. Portanto, os fiéis devem
viver sua fé na centralidade do mistério pascal de Cristo através da
Eucaristia, de maneira que toda a sua vida seja cada vez mais vida eucarística.
- A Eucaristia, fonte inesgotável
da vocação cristã é, ao mesmo tempo, fonte inextinguível do impulso missionário.
Aí, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a
decidida vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e
vivido.
§254. O sacramento da reconciliação é o lugar onde o pecador experimenta
de maneira singular o encontro com Jesus Cristo, que se compadece de nós e nos
dá o dom de seu perdão misericordioso, nos faz sentir que o amor é mais forte
que o pecado cometido, nos liberta de tudo o que nos impede de permanecer em
seu amor, e nos devolve a alegria e o entusiasmo de anunciá-lo aos demais de
coração aberto e generoso.
§255. A oração pessoal e comunitária é o lugar onde o discípulo, alimentado
pela Palavra e pela Eucaristia, cultiva uma relação de profunda amizade com
Jesus Cristo e procura assumir a vontade do Pai.
- A oração diária é sinal do
primado da graça no caminho do discípulo missionário. Por isso, “é necessário
aprender a orar, voltando sempre a aprender essa arte dos lábios do Mestre”.
Documento de Aparecida
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