Jesus Cristo... foi Concebido pelo Espírito
Santo...
- A Anunciação a Maria inaugura a
"plenitude dos tempos" (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas
e das preparações. Maria é convidada a conceber aquele em quem habitará
"corporalmente a plenitude da divindade" (Cl 2,9). A resposta divina
à sua pergunta "Como se fará isto, se não conheço homem algum?" (Lc
1,34) é dada pelo poder do Espírito:
"O Espírito
Santo virá sobre ti" (Lc 1,35).
- A missão do Espírito Santo está
sempre conjugada e ordenada à do Filho. O Espírito Santo é enviado para
santificar o seio da Virgem Maria e fecundá-la divinamente, ele que é "o
Senhor que dá a Vida", fazendo com que ela conceba o Filho Eterno do Pai
em uma humanidade proveniente da sua.
- Ao ser concebido como homem no
seio da Virgem Maria, o Filho Único do Pai é "Cristo", isto é, ungido
pelo Espírito Santo desde o início de sua existência humana, ainda que sua
manifestação só se realize progressivamente: aos pastores, aos magos, a João
Batista, aos discípulos. Toda a Vida de Jesus Cristo manifestará, portanto,
"como Deus o ungiu com o Espírito e com poder" (At 10,38).
Jesus Cristo...Nasceu da Virgem Maria...
- O que a fé católica crê acerca
de Maria funda-se no que ela crê acerca de Cristo, mas o que a fé ensina sobre
Maria ilumina, por sua vez, sua fé em Cristo.
A Predestinação de Maria
- "Deus enviou Seu
Filho" (Gl 4,4), mas, para "formar-lhe um corpo" quis a livre
cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu,
para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na
Galiléia, "uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de
Davi, e o nome da virgem era Maria" (Lc 1,26-27):
- Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse
precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu
Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher
também contribuísse para a vida.
- Para ser a Mãe do Salvador,
Maria "'foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha
função". No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como "cheia
de graça". Efetivamente, para poder dar o assentimento livre de sua fé ao
anúncio de sua vocação era preciso que ela estivesse totalmente sob a moção da
graça de Deus.
- Ao longo dos séculos, a Igreja
tomou consciência de que Maria, "cumulada de graça" por Deus, foi
redimida desde a concepção. É isso que confessa o dogma da Imaculada Conceição,
proclamado em 1854 pelo papa Pio IX:
- A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de
sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em
vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano foi
preservada imune de toda mancha do pecado original.
- Esta "santidade
resplandecente, absolutamente única" da qual Maria é "enriquecida
desde o primeiro instante de sua conceição lhe vem inteiramente de Cristo:
"Em vista dos méritos de seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime".
Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai a "abençoou com toda a
sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo" (Ef 1,3). Ele a
"escolheu nele (Cristo), desde antes da fundação do mundo, para ser santa
e imaculada em sua presença, no amor" (Ef 1,4).
- Os Padres da tradição oriental
chamam a Mãe de Deus "a toda santa", celebram-na como "imune de
toda mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo Espírito Santo, e formada como
uma nova criatura". Pela graça de Deus, Maria permaneceu pura de todo
pecado pessoal ao longo de toda a sua vida.
Faça-se em mim segundo a Tua Palavra
- Ao anúncio de que, sem conhecer
homem algum, ela conceberia o Filho do Altíssimo pela virtude do Espírito
Santo, Maria respondeu com a "obediência da fé", certa de que
"nada é impossível a Deus": "Eu sou a serva do Senhor, faça-se
em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,37-38).
- Assim, dando à Palavra de Deus
o seu consentimento, Maria se tornou Mãe de Jesus e, abraçando de todo o
coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina de salvação,
entregou-se ela mesma totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, para servir,
na dependência dele e com Ele, pela graça de Deus, ao Mistério da Redenção:
- Como diz Santo Irineu, "obedecendo, se fez
causa de salvação tanto para si como para todo o gênero humano. O nó da
desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem
Eva ligou pela incredulidade a virgem Maria desligou pela fé".
Comparando Maria com Eva, chamam Maria de "mãe dos viventes" e
com freqüência afirmam: "Veio a morte por Eva e a vida por
Maria".
A maternidade Divina de Maria
- Denominada nos Evangelhos
"a Mãe de Jesus" (João 2,1;19,25), Maria é aclamada, sob o impulso do
Espírito, desde antes do nascimento de seu Filho, como "a Mãe de meu
Senhor" (Lc 1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu Espírito Santo como
homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não é outro que
o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja
confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus.
A Virgindade de Maria
- Desde as primeiras formulações
da fé, a Igreja confessou que Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do
Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando também o aspecto corporal
deste evento: Jesus foi concebido "do Espírito Santo, sem sêmen". Os
Padres vêem na conceição virginal o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de
Deus que veio numa humanidade como a nossa:
- Assim, Santo Inácio de Antioquia (início do século
II) disse: "Estais firmemente convencidos acerca de Nosso Senhor, que
é verdadeiramente da raça de Davi segundo a carne, Filho de Deus segundo a
vontade e o poder de Deus, verdadeiramente nascido de uma virgem... ele
foi verdadeiramente pregado, na sua carne, {à cruz} por nossa salvação sob
Pôncio Pilatos... ele sofreu verdadeiramente, como também ressuscitou
verdadeiramente".
- Os relatos evangélicos entendem
a conceição virginal como uma obra divina que ultrapassa toda compreensão e
toda possibilidade humanas: "O que foi gerado nela vem do Espírito
Santo", diz o anjo a José acerca de Maria, sua noiva (Mt 1,20). A Igreja
vê aí o cumprimento da promessa divina dada pelo profeta Isaias: "Eis que
a virgem conceberá e dará à luz um filho" (Is 7,14; Mt 1,23).
CIC-Catecismo da Igreja Católica
484-570
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