(5º artigo do Credo Católico ou 5ª verdade de fé)
Cristo desceu a mansão dos mortos
- As freqüentes afirmações do
Novo Testamento segundo as quais Jesus "ressuscitou dentre os mortos"
pressupõem, anteriormente à ressurreição, que este tenha ficado na Morada dos
Mortos. Este é o sentido primeiro que a pregação apostólica deu à descida de
Jesus aos Infernos:
- Jesus conheceu a morte como todos os seres humanos
e com sua alma esteve com eles na Morada dos Mortos. Mas para lá foi como
Salvador, proclamando a boa notícia aos espíritos que ali estavam
aprisionados.
- A Escritura denomina a Morada
dos Mortos, para a qual Cristo morto desceu, de os Infernos, o sheol ou o
Hades, visto que os que lá se encontram estão privados da visão de Deus. Este
é, com efeito, o estado de todos os mortos, maus ou justos, à espera do
Redentor que não significa que a sorte deles seja idêntica, como mostra Jesus
na parábola do pobre Lázaro recebido no "seio de Abraão".
- "São precisamente essas almas santas, que
esperavam seu Libertador no seio de Abraão, que Jesus libertou ao descer
aos Infernos". Jesus não desceu aos Infernos para ali libertar os
condenados nem para destruir o Inferno da condenação, mas para libertar os
justos que o haviam precedido.
- "A Boa Nova foi igualmente
anunciada aos mortos...". A descida aos Infernos é o cumprimento, até sua
plenitude, do anúncio evangélico da salvação. É a fase última da missão
messiânica de Jesus, fase condensada no tempo, mas imensamente vasta em sua
significação real de extensão da obra redentora a todos os homens de todos os
tempos e de todos os lugares, pois todos os que são salvos se tornaram
participantes da Redenção.
- Cristo desceu, portanto, no
seio da terra, a fim de que "os mortos ouçam a voz do Filho de Deus e os
que a ouvirem vivam". Jesus, "o Príncipe da vida",
"destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, O Diabo, e libertou os
que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte". A
partir de agora, Cristo ressuscitado "detém a chave da morte e do
Hades", e "ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na Terra e
nos Infernos":
- Levanta-te, tu que dormes, pois não te criei para
que fiques prisioneiro do Inferno: Levanta-te dentre os mortos, eu sou a
Vida dos mortos."
No terceiro dia Ressuscitou dos mortos
- "Anunciamo-vos a Boa Nova:
a promessa, feita a nossos pais, Deus a realizou plenamente para nós, seus
filhos, ressuscitando Jesus".
- A Ressurreição de Jesus é a
verdade culminante de nossa fé em Cristo:
- crida e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã,
- transmitida
como fundamental pela Tradição,
- estabelecida
pelos documentos do Novo Testamento,
- pregada,
juntamente com a Cruz, como parte do Mistério Pascal.
O túmulo vazio
- "Por que procurais entre
os mortos Aquele que vive? Ele não esta aqui; ressuscitou". No quadro dos
acontecimentos da Páscoa, o primeiro elemento com que se depara é o sepulcro
vazio. Ele não constitui em si uma prova direta. A ausência do corpo de Cristo
no túmulo poderia explicar-se de outra forma. Apesar disso, o sepulcro vazio
constitui para todos um sinal essencial.
- Sua descoberta pelos discípulos
foi o primeiro passo para o reconhecimento do próprio fato da Ressurreição.
Este é o caso das santas mulheres, em primeiro 1ugar, em seguida de Pedro.
"O discípulo que Jesus amava" afirma que, ao entrar no túmulo vazio e
ao descobrir "os panos de linho no chão", "viu e creu".
- Isto supõe que ele tenha constatado, pelo estado do
sepulcro vazio, que a ausência do corpo de Jesus não poderia ser obra
humana e que Jesus não havia simplesmente retomado a Vida terrestre, como
tinha sido o caso de Lázaro.
As aparições do Ressuscitado
- Maria e as santas mulheres, que
vinham terminar de embalsamar o corpo de Jesus, sepultado às pressas, devido à
chegada do Sábado, na tarde da Sexta-feira Santa, foram as primeiras a
encontrar o Ressuscitado.
- Assim, as mulheres foram as primeiras mensageiras
da Ressurreição de Cristo para os próprios apóstolos. Foi a eles que Jesus
apareceu em seguida, primeiro a Pedro, depois aos Doze. Pedro, chamado a
confirmar a fé de seus irmãos, vê portanto, o Ressuscitado antes deles, e
é baseada no testemunho dele que a comunidade exclama: "É verdade! O
Senhor ressuscitou e apareceu a Simão".
- Diante desses testemunhos é
impossível interpretar a Ressurreição de Cristo fora da ordem física e não
reconhecê-la como um fato histórico.
- Os fatos mostram que a fé dos
discípulos foi submetida à prova radical da paixão e morte na cruz de seu Mestre,
anunciada antecipadamente por Ele. - O abalo provocado pela Paixão foi tão
grande que os discípulos (pelo menos alguns deles) não creram de imediato na
notícia da ressurreição.
- Longe de nos falar de uma
comunidade tomada de exaltação mística, os Evangelhos nos apresentam discípulos
abatidos, "com o rosto sombrio" e assustados. Por isso não
acreditaram nas santas mulheres que voltavam do sepulcro, e "as palavras
delas pareceram-lhes desvario". Quando Jesus se manifesta aos onze na
tarde da Páscoa, "censura-lhes a incredulidade e a dureza de coração,
porque não haviam dado crédito aos que tinham visto o Ressuscitado".
- A fé que tinham na Ressurreição nasceu - sob a ação
da graça divina - da experiência direta da realidade de Jesus
ressuscitado.
A humanidade Ressuscitada da Cristo
- Jesus ressuscitado estabelece
com seus discípulos relações diretas, em que estes o apalpam e com Ele comem.
Convida-os, a reconhecer que Ele não é um espírito, mas sobretudo a constatar
que o corpo ressuscitado com o qual Ele se apresenta a eles é o mesmo que foi
martirizado e crucificado, pois ainda traz as marcas de sua Paixão. Este corpo
autêntico e real possui, ao mesmo tempo, as propriedades novas de um corpo
glorioso:
- Não está mais
situado no espaço e no tempo, mas pode tornar-se presente a seu modo, onde
e quando quiser, pois sua humanidade não pode mais ficar presa à terra,
mas já pertence exclusivamente ao domínio divino do Pai. Por esta razão
também Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como quiser, diferente
das que eram familiares aos discípulos, e isto precisamente para
suscitar-lhes a fé.
- A Ressurreição de Cristo não
constituiu uma volta à vida terrestre, como foi o caso das ressurreições que
Ele havia realizado antes da Páscoa.
Tais fatos eram acontecimentos
miraculosos, mas as pessoas contempladas pelos milagres voltavam simplesmente à
vida terrestre "ordinária" pelo poder de Jesus. Em determinado
momento, voltariam a morrer.
- A Ressurreição de Cristo é
essencialmente diferente. Em seu corpo ressuscitado, Ele passa de um estado de
morte para outra vida, para além do tempo e do espaço. Na Ressurreição, o corpo
de Jesus é repleto do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no
estado de sua glória, de modo que Paulo pode chamar a Cristo de "o homem
celeste".
CIC-Catecismo da Igreja Católica
631-658
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