Deus "quer que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm
2,4), isto é, de Jesus Cristo.
A Tradição apostólica
- "Cristo Senhor, em quem se
consuma a revelação do Sumo Deus, ordenou aos Apóstolos que o Evangelho,
prometido antes pelos profetas, completado por ele e por sua própria boca
promulgado, fosse por eles pregado a todos os homens como fonte de toda a
verdade salvífica e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes os dons
divinos."
A pregação Apostólica...
- A transmissão do Evangelho,
segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras:
- oralmente
"pelos apóstolos, que na pregação oral, por exemplos e instituições,
transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência
e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo";
- por escrito "como também por aqueles apóstolos e varões apostólicos que, sob inspiração do mesmo Espírito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvação"
...continuada na Sucessão
Apostólica
- "Para que o Evangelho
sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como
sucessores os bispos, a eles 'transmitindo seu próprio encargo de
Magistério." Com efeito, "a pregação apostólica, que é expressa de
modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se por uma sucessão
contínua até a consumação dos tempos".
- Esta transmissão viva,
realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da Sagrada
Escritura, embora intimamente ligada a ela.
- Por meio da Tradição, "a
Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações
tudo o que ela é, tudo o que crê".
- Assim, a comunicação que o Pai
fez de si mesmo por seu Verbo no Espírito Santo permanece presente e atuante na
Igreja:
- "O
Deus que outrora falou mantém um permanente diálogo com a esposa de seu
dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa
na Igreja e através dela no mundo, leva os crentes à verdade toda e faz
habitar neles abundantemente a palavra de Cristo"
A relação entre a Tradição e a Sagrada
Escritura
Uma Fonte comum...
- "Elas estão entre si
estreitamente unidas e comunicantes. Pois, promanando ambas da mesma fonte
divina, formam de certo modo um só todo e tendem para o mesmo fim." Tanto
uma como outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo, que
prometeu permanecer com os seus "todos os dias, até a consumação dos
séculos" (Mt 28,20).
...duas modalidades distintas
de Transmissão
- A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto redigida sob a
moção do Espírito Santo.
- A Sagrada Tradição, "transmite integralmente aos sucessores dos
apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo
aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito de verdade, eles, por sua
pregação, fielmente a conservem, exponham e difundam".
- Dai resulta que a Igreja, à
qual estão confiadas a transmissão e a interpretação da Revelação, "não
deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada
Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento
de piedade e reverência"
A interpretação do depósito da fé
- "O patrimônio
sagrado" da fé, contido na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura, foi
confiado pelos apóstolos à totalidade da Igreja. Apegando-se firmemente ao
mesmo, o povo santo todo, unido a seus Pastores, persevera continuamente na
doutrina dos apóstolos e na comunhão, na fração do pão e nas orações, de sorte
que na conservação, no exercício e na profissão da fé transmitida se crie uma
singular unidade de espírito entre os bispos e os fiéis.
O Magistério da Igreja
- O ofício de interpretar
autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente
ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus
Cristo, isto é, foi confiado aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o
bispo de Roma.
- Todavia, tal Magistério não
está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que
foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com a assistência do
Espírito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e
fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser
crido como divinamente revelado.
Os dogmas da fé
- Há uma conexão orgânica entre
nossa vida espiritual e os dogmas. Os dogmas são luzes no caminho de nossa fé
que o iluminam e tornam seguro. - Na verdade, se nossa vida for reta, nossa
inteligência e nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos dogmas da
fé.
- Os laços mútuos e a coerência
dos dogmas podem ser encontrados no conjunto da Revelação do Mistério de
Cristo. "Existe uma ordem ou 'hierarquia' das verdades da doutrina
católica, já que o nexo delas com o fundamento da fé cristã é diferente.
O Senso sobrenatural da fé
- Todos os fiéis participam da
compreensão e da transmissão da verdade revelada. Receberam a unção do Espírito
Santo, que os instrui e os conduz à verdade em sua totalidade.
- O conjunto dos fiéis... não
pode enganar-se no ato de fé. E manifesta esta sua peculiar piedade mediante o
senso sobrenatural da fé de todo o povo, quando, 'desde os bispos até o último
dos fiéis leigos', apresenta um consenso universal sobre questões de fé e
costumes.
- Por este senso da fé, excitado
e sustentado pelo Espírito da verdade, o Povo de Deus, sob a direção do sagrado
Magistério, adere indefectivelmente a fé 'uma vez para sempre transmitida aos
santos'; e, com reto juízo, penetra-a mais profundamente e na sua vida a coloca
mais perfeitamente em obra.
O crescimento na compreensão da fé
- Graças a assistência do
Espírito Santo, a compreensão das realidades como das palavras do depósito da
fé pode crescer na vida da Igreja:
- Pela
contemplação e estudo dos que creem, os quais as meditam em seu coração, é
em especial “a pesquisa teológica que aprofunda o conhecimento da verdade
revelada.”
- Pela
íntima compreensão que os fiéis desfrutam das coisas espirituais: as
palavras divinas crescem com o leitor.
- Pela
pregação daqueles que, com a sucessão episcopal, receberam o carisma
seguro da verdade.
CIC-Catecismo da Igreja Católica
§74-100
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