- Porque os que de antemão Ele conheceu, esses também predestinou a serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de ser ele o primogênito entre muitos irmãos. E
os que predestinou, também os chamou;
e os que chamou, também os justificou;
e os que justificou, também os glorificou"
(Rm 8,28-30).
- Todos os fiéis cristãos, de
qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição
da caridade.
- Todos são chamados à santidade:
"Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito"
(Mt 5,48):
- Com o
fim de conseguir esta perfeição, façam os fiéis uso das forças recebidas,
a fim de que, cumprindo em tudo a vontade do Pai, se dediquem inteiramente
à glória de Deus e ao serviço do próximo. Assim, a santidade do povo de
Deus se expandirá em abundantes frutos, como se demonstra luminosamente na
história da Igreja pela vida de tantos santos.
- O progresso espiritual tende à
união sempre mais íntima com Cristo. Esta união recebe o nome de
"mística", pois ela participa no mistério de Cristo pelos sacramentos
-"os santos mistérios"- e, nele, no mistério da Santíssima Trindade,
Deus nos chama a todos a esta íntima união com Ele, mesmo que graças especiais
ou sinais extraordinários desta vida mística sejam concedidos apenas a alguns,
em vista de manifestar o dom gratuito feito a todos.
O caminho da perfeição passa pela cruz.
Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual.
- O progresso espiritual envolve
ascese e mortificação, que levam gradualmente a viver na paz e na alegria das
bem-aventuranças:
- Aquele
que vai subindo jamais cessa de progredir de começo em começo, por começos
que não têm fim. Aquele que sobe jamais cessa de desejar aquilo que já
conhece.
- Os filhos da Santa Igreja,
nossa Mãe, esperam justamente a graça da perseverança final e a recompensa de
Deus, seu Pai, pelas boas obras realizadas com sua graça, em comunhão com
Jesus.
- Observando a mesma regra de
vida, os fiéis cristãos partilham "a feliz esperança" daqueles que a
misericórdia divina reúne na "Cidade
santa, uma Jerusalém nova que desce do céu de junto de Deus, preparada como uma
esposa" (Ap 21,2).
Um Duro Combate
- A doutrina sobre o pecado
original ligada à doutrina da Redenção por meio de Cristo propicia um olhar de
discernimento lúcido sobre a situação do homem e de sua ação no mundo. Pelo
pecado dos primeiros pais, o Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem,
embora este último permaneça livre.
- O pecado original acarreta a
''servidão debaixo do poder daquele que tinha o império da morte, isto é, do
Diabo". Ignorar que o homem tem uma natureza lesada, inclinada ao mal, dá
lugar a graves erros no campo da educação, da política, da ação social e, dos
costumes.
- As consequências do pecado
original e de todos os pecados pessoais dos homens conferem ao mundo em seu
conjunto uma condição pecadora, que pode ser designada com a expressão de São
João: "O pecado do mundo" (Jo
1,29). Com esta expressão quer-se exprimir também a influência negativa que
exercem sobre as pessoas, as situações comunitárias e as estruturas sociais,
que são o fruto dos pecados dos homens.
- Esta situação dramática do
mundo, que "inteiro está sob o poder
do Maligno" (1Jo 5,19), faz da vida do homem um combate:
- Uma
luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da
humanidade. Iniciada desde a origem do mundo vai durar até o último dia,
segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar
sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a unidade interior senão
com grandes labutas e o auxílio da graça de Deus.
“Não o abandonaste ao poder da morte”
- Depois da queda, o homem não
foi abandonado por Deus.
- Ao contrário, Deus o chama e
lhe anuncia de modo misterioso a vitória sobre o mal e o soerguimento da queda.
Esta passagem do Gênesis foi chamada de "proto-evangelho", por ser o
primeiro anúncio do Messias redentor, a do combate entre a serpente e a Mulher
e a vitória final de um descendente desta última.
- A tradição cristã vê nesta
passagem um anúncio do "novo Adão", que, por sua "obediência até a morte de Cruz" (Fl 2,8), repara com
superabundância a desobediência de Adão.
- De resto, numerosos Padres e
Doutores da Igreja vêem na mulher anunciada no "proto-evangelho" a
mãe de Cristo, Maria, como "nova Eva". - Foi ela que, primeiro e de
uma forma única, se beneficiou da vitória sobre o pecado conquistada por
Cristo: ela foi preservada de toda mancha do pecado original e durante toda a
vida terrestre, por uma graça especial de Deus, não cometeu nenhuma espécie de
pecado.
- Mas por que Deus não impediu o
primeiro homem de pecar?
* São Leão Magno responde:
"A graça inefável de Cristo deu-nos bens melhores do que aqueles que a
inveja do Demônio nos havia subtraído".
* E Santo Tomás de Aquino:
"Nada obsta' a que a natureza humana tenha sido destinada a um fim mais
elevado após o pecado. Com efeito, Deus permite que os males aconteçam para
tirar deles um bem maior.
* Donde a palavra de São Paulo: 'Onde abundou o pecado superabundou a
graça" (Rm 5,20).
* E o canto do Exultet: "Ó
feliz culpa, que mereceu tal e tão grande Redentor".
O combate da oração
- A oração é um dom da graça e
uma resposta decidida de nossa parte: Supõe sempre um esforço.
- Os grandes orantes da Antiga
Aliança antes de Cristo, como também a Mãe de Deus e os santos com Ele, nos
ensinam:
A oração é um combate. Contra
quem?
Contra nós mesmos e contra os
embustes do Tentador, que tudo faz para desviar o homem da oração, da união com
seu Deus.
- Reza-se
como se vive, porque se vive como se reza. Se não quisermos habitualmente
agir segundo o Espírito de Cristo, também não poderemos habitualmente
rezar em seu Nome. O "combate espiritual" da vida nova do
cristão é inseparável do combate da oração.
- A família cristã é o primeiro
lugar da educação para a oração. Fundada sobre o Sacramento do Matrimônio, ela
é a "Igreja doméstica",
onde os filhos de Deus aprendem a orar "como Igreja" e a perseverar
na oração.
- Para as crianças, particularmente,
a oração familiar cotidiana é o primeiro testemunho da memória viva da Igreja
reavivada pacientemente pelo Espírito Santo.
CIC-Catecismo da Igreja Católica
2012-2016; 2685; 2725; 407-409
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