Divina Providência
- A criação tem sua bondade e sua
perfeição próprias, mas não saiu completamente acabada das mãos do Criador. Ela
é criada "em estado de caminhada" para uma perfeição última a ser
ainda atingida, para a qual Deus a destinou. Chamamos de Divina Providência as
disposições pelas quais Deus conduz sua criação para esta perfeição:
- Deus conserva e governa com sua providência tudo o
que criou; ela se estende "com vigor de um extremo ao outro e governa
o universo com suavidade" (Sb 8,1). Pois
"tudo está nu e descoberto aos seus olhos" (Hb 4,13), mesmo os atos dependentes da
ação livre das criaturas.
O homem e a Providência
- Deus é o Senhor soberano de
seus desígnios. Mas, para a realização dos mesmos, serve-se também do concurso
das criaturas. Isso não é um sinal de fraqueza, mas da grandeza e da bondade do
Deus Todo-Poderoso. Pois Deus não somente dá às suas criaturas o existir, mas
também a dignidade de agirem elas mesmas, de serem causas e princípios umas das
outras e de assim cooperarem no cumprimento de seu desígnio.
- Aos homens, Deus concede até de
poderem participar livremente de sua providência, confiando-lhes a
responsabilidade de "submeter" a terra e de dominá-la. Deus concede
assim aos homens serem causas inteligentes e livres para completar a obra da
Criação, aperfeiçoar sua harmonia para o bem deles e de seus próximos.
- Cooperadores muitas vezes
inconscientes da vontade divina, os homens podem entrar deliberadamente no
plano divino, por suas ações, por suas orações, mas também por seus
sofrimentos. Tornam-se então plenamente "cooperadores de Deus" (1Cor 3,9) e do seu Reino.
A Providência e o escândalo do mal
- Se Deus Pai Todo-Poderoso,
Criador do mundo ordenado e bom, cuida de todas as suas criaturas, por que
então o mal existe?
O conjunto da fé cristã constitui
a resposta a esta pergunta:
- a bondade da
criação,
- o drama do pecado,
- o amor paciente de
Deus que se antecipa ao homem por suas Alianças,
- pela Encarnação
redentora de seu Filho,
- pelo dom do
Espírito,
- pela Igreja,
- pela força dos
sacramentos,
- pelo chamado a uma
vida bem-aventurada à qual as criaturas livres são convidadas
antecipadamente a assentir, mas da qual podem, por um terrível mistério,
abrir mão também antecipadamente.
Não há nenhum elemento da
mensagem cristã que não seja, por uma parte, uma resposta da providência à
questão do mal.
- Mas por que Deus não criou um
mundo tão perfeito que nele não possa existir mal algum?
- Segundo seu poder infinito,
Deus sempre poderia criar algo melhor:
- Todavia, em sua
sabedoria e bondade infinitas, Deus quis livremente criar um mundo
"em estado de caminhada" para sua perfeição última. Este devir
permite, no desígnio de Deus, juntamente com o aparecimento de
determinados seres, também o desaparecimento de outros, juntamente com o
mais perfeito, também o menos imperfeito, juntamente com as construções da
natureza, também as destruições. Juntamente com o bem físico existe,
portanto, o mal físico, enquanto a criação não houver atingido sua
perfeição.
- Os anjos e os homens, criaturas
inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino último por opção livre e
amor preferencial. Podem, no entanto, desviar-se. E, de fato, pecaram:
- Foi assim que o mal moral entrou no mundo, incomensuravelmente
mais grave do que o mal físico. Deus não é de modo algum, nem direta nem
indiretamente, a causa do mal moral. Todavia, permite-o, respeitando a
liberdade de sua criatura e, misteriosamente, sabe auferir dele o bem:
- Pois o Deus
Todo-Poderoso..., por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal
existir em suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar
o bem do próprio ma1.
- Cremos firmemente que Deus é o
Senhor do mundo e da história. Mas os caminhos de sua providência muitas vezes
nos são desconhecidos.
- Só no final, quando acabar o
nosso conhecimento parcial, quando virmos Deus "face a face", teremos
pleno conhecimento dos caminhos pelos quais, mesmo por meio dos dramas do mal e
do pecado, Deus terá conduzido sua criação até o descanso, em vista do qual
criou o céu e a terra.
CIC-Catecismo da Igreja Católica § 302-314
A Providência e a reconstrução do homem
- A humanidade não foi leal e
fiel para comigo:
- desobedeceu minha
ordem (Gn 2,17) e achou a morte.
- De minha parte mantive a
fidelidade, conservei a finalidade para a qual a criara, com a intenção de dar
ao homem a felicidade.
- Uni a natureza divina, tão
perfeita, à misera natureza humana, resgatei a humanidade, restitui-lhe a graça
pela morte de meu Filho.
- Os homens sabem de tudo isso
mas não acreditam que sou:
- poderoso para
socorrê-los,
- forte para
auxilia-los e defende-los dos inimigos,
- sábio para iluminar
suas inteligências,
- clemente para
fornecer-lhes o necessário à salvação,
- rico para sacia-los,
- belo para
aprimora-los,
- possuidor de bens
para nutri-los e de roupas para vesti-los.
- Seu modo de viver diz que não
confiam em mim; caso contrário, suas ações seriam santas e honestas.
- Enviei ao mundo o Verbo
encarnado que destruiu a maldade do mundo, arrancou os espinheiros do pecado
original e construiu um novo jardim.
- A natureza divina uniu-se ao
homem ‘com todos os seus membros’, ou seja, com o poder do Pai, com a sabedoria
do Filho e com a clemência do Espírito Santo. Todo o abismo da Trindade conformou-se,
uniu-se à vossa humanidade.
- Depois dessa união, o amoroso
Verbo pôs em prática uma outra quando, apaixonadamente, procurou a morte da
cruz: estendeu-se sobre o madeiro.
- Depois, pelo Batismo, soprou
sobre o homem morto, deu-lhe os sete dons do Espírito Santo e destruiu o
pecado. Cristo “sopra” a fim de indicar que possui a vida e que expulsa para
longe os sete vícios capitais.
- Concedo favores aos homens,
porque sou rico, e posso dar ainda mais.
- Minha riqueza é infinita. Tudo
quanto existe foi feito por mim, sem minha intervenção nada subsiste:
- Se queres beleza, eu sou a beleza; se queres bondade, eu sou a bondade. Sou a sabedoria, o Deus benigno, piedoso, justo, misericordioso. Sou liberal sem avareza e recompenso quem trabalha por minha glória. Sou feliz e faço feliz quem cumpre minha vontade. Sou providência que jamais falha ao cuidar dos servidores que em mim confiam, seja no que se refere à alma como ao corpo. O Diálogo-Santa Catarina de Sena- página 312-316
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