O Dia de sábado no Antigo Testamento
- Na Bíblia emprega-se a palavra
‘sábado’ com diversos significados: ‘repouso’ ou ‘descanso’ de um dia (Êx 20,10) ou ‘repouso’ de um ano (Lev 25, 4) ou indica período de 70-anos (2Cr 36,21).
- “Assim foram feitos o céu e a terra e
tudo o que existe neles. Deus terminou seu trabalho no sétimo dia, e
descansou neste dia de tudo o que tinha feito. Deus bendisse o sétimo dia
e o tornou santo porque nesse dia Ele descansou de todo seu trabalho de
criação.” (Gn 2, 2-3). “Seis dias trabalharás e
farás tuas obras, mas o sétimo é sábado de Javé teu Deus.” (Dt 5,
13-14)
- Percebemos
que nesses textos a palavra ‘sábado’(descanso) tem para o povo do Antigo
Testamento um novo sentido, um sentido religioso. O sábado lhes recordava a Criação
de Deus em seis dias com seu descanso no sétimo dia que é consagrado a Deus.
- Com o tempo, a prática do
repouso do sábado foi assumida pela lei judaica que agia de forma radical
proibindo 39-praticas de trabalho no sétimo dia: proibição de recolher lenha (Nm 15,32); proibição de preparar alimentos (Ex 16,23); proibição de acender fogo (Ex 35,3); etc.
- Pouco a pouco a prática do
repouso do sábado se converteu em uma observância escrupulosa e hipócrita. Os profetas
do Antigo Testamento lançam uma dura critica contra a prática legalista do
sábado que converteu os israelistas num povo sem devoção interior (Os 1,2 e 2,13).
- O agir de Deus é o modelo do
agir humano. Se Deus "retomou o fôlego" no sétimo dia (Ex 31,17), também o homem deve
"folgar" e deixar que os outros, sobretudo os pobres, "retomem
fôlego". O sábado faz cessar os trabalhos cotidianos e concede uma pausa.
É um dia de protesto contra as escravidões do trabalho e o culto ao dinheiro.
- O Evangelho relata numerosos
incidentes em que Jesus
é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca profana a santidade desse
dia. Dá-nos com autoridade sua autêntica interpretação: "O sábado foi
feito para o homem e não o homem para o sábado" (Mc 2,27).
- Movido por compaixão, Cristo se
permite, no "dia de sábado, fazer o bem de preferência ao mal, salvar
uma vida de preferência a matar.”
- O sábado é o dia do Senhor das
misericórdias e da honra de Deus.
"O Filho do Homem é Senhor até do sábado" (Mc 2,28). (CIC 2172-73)
A Ressurreição de Jesus
- O argumento fundamental para
optar pelo dia de Domingo procede da Ressurreição do Senhor.
- Os quatro evangelistas
concordam em que a Ressurreição de Cristo aconteceu no ‘primeiro dia da
semana’, que corresponde ao Domingo de agora : Mateus 28,1; Marcos 16,2; Lucas
24,1 e João 20,1.19.
- O fato da Ressurreição de
Cristo ser no dia de Domingo era altamente significativo para os discípulos e
será, desde então, o centro da fé cristã.
Existem duas razões para celebrar o dia da Ressurreição:
1ª) Com sua morte e Ressurreição, Jesus começou a Nova Aliança e
terminou a Antiga Aliança.
Durante a última Ceia, Jesus
proclamou: “Este cálice é a Nova
Aliança, selado com meu sangue, que vai ser derramado por vocês.”(Lc 22,20)
Os discípulos de Jesus pouco a
pouco perceberam que nessa Nova Aliança a lei de Moisés e suas práticas
teriam outro sentido.
2ª) A morte e a Ressurreição de Cristo significavam também para os
primeiros cristãos a Nova Criação, já que Jesus culminava sua obra precisamente
com sua morte e Ressurreição, justamente no Domingo, que será, desde então, ‘O
Dia do Senhor’.
- Nós também recebemos a promessa
de entrar com Cristo nesse repouso (Hb 4, 1-16).
Então, o Domingo, ‘O Dia do Senhor’, é o verdadeiro dia de descanso, em que os
homens repousarão de suas fadigas à imagem de Deus que descansa de seus
trabalhos (Hb 4,10; Ap 14,13).
- Daqui
em diante a fé dos cristãos tem como centro Cristo Ressuscitado e
Glorificado. E para nós cristãos é muito lógico celebrar o ‘Dia do
Senhor’(Domingo) como o ‘Novo dia’ da Criação (Is
2,12).
“Quando meditamos, ó Cristo, as
maravilhas que foram operadas neste dia de Domingo de Vossa Santa Ressurreição,
dizemos:
- Bendito
é o dia do Domingo, pois foi nele que se deu: o começo da criação / a salvação do mundo / e a renovação do gênero humano. É nele
que o céu e a terra rejubilaram e que o universo inteiro foi repleto de
luz.
- Bendito
é o dia do Domingo, pois nele foram abertas as portas do paraíso para
que Adão e todos os banidos entrem nele sem medo.”(CIC 1167)
Significado original do Domingo (Dies Domini)
-
Infelizmente, quando o domingo perde o significado original e se reduz a puro
«fim de semana», pode acontecer que o homem permaneça cerrado num horizonte tão
restrito, que não mais lhe permite ver o «céu». Então, mesmo bem trajado, torna-se
intimamente incapaz de «festejar».
-
Aos discípulos de Cristo, contudo, é-lhes pedido que não confundam a celebração
do domingo, que deve ser uma verdadeira santificação do Dia do Senhor, com o «fim
de semana» entendido fundamentalmente como tempo de mero repouso ou de
diversão.
- Urge,
a este respeito, uma autêntica maturidade espiritual, que ajude os cristãos a
«serem eles próprios», plenamente coerentes com o dom da fé, sempre prontos a
mostrar a esperança neles depositada (1
Ped 3,15). Isto implica também uma
compreensão mais profunda do domingo, para poder vivê-lo com plena docilidade
ao Espírito Santo.
- A
vida inteira do homem e todo o seu tempo, devem ser vividos como louvor e
agradecimento ao seu Criador. Mas a relação do homem com Deus necessita
também de momentos explicitamente de oração, nos quais a relação se
torna diálogo intenso, envolvendo toda a dimensão da pessoa.
O
«Dia do Senhor» é, por excelência, o dia desta relação, no qual o homem
eleva a Deus o seu canto, tornando-se eco da inteira criação.
- O Domingo é dia de oração, de comunhão, de alegria, ele repercute-se sobre a
sociedade, irradiando sobre ela energias de vida e motivos de esperança.
- O Domingo é o anúncio de que o tempo, habitado por Aquele que é o
Ressuscitado e o Senhor da história, não é o túmulo das nossas ilusões,
mas o berço dum futuro sempre novo, a oportunidade que nos é dada de
transformar os momentos fugazes desta vida em sementes de eternidade.
- O Domingo é convite a olhar para diante, é o dia em que a comunidade cristã
eleva para Cristo o seu grito: «Maranatha: Vinde, Senhor!» (1 Cor 16,22).
Com este grito de esperança e expectativa, a comunidade faz-se companheira
e sustentáculo da esperança dos homens. De domingo a domingo, iluminada
por Cristo, ela caminha para o domingo sem fim da Jerusalém celeste quando
estiver completa em todas as suas feições, a mística Cidade de Deus, que
«não necessita de Sol nem de Lua para a iluminar, porque é iluminada pela
glória de Deus, e a sua luz é o Cordeiro» (Ap 21,23). Dies Domini-João Paulo II
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