sábado, 8 de fevereiro de 2014

Formação de Discípulos na Família

A Família, primeira escola da fé
§302. A família, “patrimônio da humanidade”, constitui um dos tesouros mais valiosos dos povos latino-americanos. Ela tem sido e é o lugar e escola de comunhão, fonte de valores humanos e cívicos, lar onde a vida humana nasce e se acolhe generosa e responsavelmente. Para que a família seja “escola de fé” e possa ajudar os pais a serem os primeiros catequistas de seus filhos, a pastoral familiar deve oferecer espaços de formação, materiais catequéticos, momentos celebrativos, que lhes permitam cumprir sua missão educativa. A família é chamada a introduzir os filhos no caminho da iniciação cristã. A família, pequena Igreja, deve ser, junto com a Paróquia, o primeiro lugar para a iniciação cristã das crianças. Ela oferece aos filhos um sentido cristão de existência e os acompanha na elaboração de seu projeto de vida, como discípulos missionários.

§303. Além disso, é dever dos pais, especialmente através de seu exemplo de vida, a educação dos filhos para o amor como dom de si mesmos e a ajuda que eles prestam para descobrir sua vocação de serviço, seja na vida leiga como na vida consagrada.
- Desse modo, a formação dos filhos como discípulos de Jesus Cristo se realiza nas experiências da vida diária na própria família.
- Os filhos têm o direito de poder contar com o pai e a mãe para que cuidem deles e os acompanhem até a plenitude de vida.
- A “catequese familiar”, implementada de diversas maneiras, tem-se revelado como ajuda proveitosa à unidade das famílias, oferecendo, além disso, possibilidade eficiente de formar os pais de família, os jovens e as crianças, para que sejam testemunhas firmes da fé em suas respectivas comunidades.

As Paróquias
§304. A dimensão comunitária é intrínseca ao mistério e à realidade da Igreja que deve refletir a Santíssima Trindade. Essa dimensão especial tem sido vivida de diversas maneiras ao longo dos séculos. A Igreja é comunhão. As Paróquias são células vivas da Igreja e lugares privilegiados em que a maioria dos fiéis tem uma experiência concreta de Cristo e de sua Igreja. Encerram inesgotável riqueza comunitária porque nelas se encontra
imensa variedade de situações, idades e tarefas. Sobretudo hoje, quando as crises da vida familiar afeta a tantas crianças e jovens, as Paróquias oferecem espaço comunitário para se formar na fé e crescer comunitariamente.

§305. Portanto, deve-se cultivar a formação comunitária especialmente na paróquia. Com diversas celebrações e iniciativas, principalmente com a Eucaristia dominical, que é “momento privilegiado do encontro das comunidades com o Senhor ressuscitado”, os fiéis devem experimentar a paróquia como família na fé e na caridade, onde mutuamente se acompanhem e se ajudem no seguimento de Cristo.

§306. Se queremos que as paróquias sejam centros de irradiação missionária em seus próprios territórios, elas devem ser também lugares de formação permanente. Isso exige que se organizem nelas várias instâncias formativas que assegurem o acompanhamento e o amadurecimento de todos os agentes pastorais e dos leigos inseridos no mundo. As paróquias vizinhas também podem unir esforços nesse sentido, sem desperdiçar as ofertas formativas da Diocese e da Conferência Episcopal.

Pequenas comunidades eclesiais
§307. Nos últimos anos está crescendo a espiritualidade de comunhão e que, com diversas metodologias, não poucos esforços têm sido feitos para levar os leigos a se integrar nas pequenas comunidades eclesiais, que vão mostrando frutos abundantes. Nas pequenas comunidades eclesiais temos um meio privilegiado para a Nova Evangelização e para chegar a que os batizados vivam como autênticos discípulos e missionários de Cristo.

§308. São elas um ambiente propício para escutar a Palavra de Deus, para viver a fraternidade, para animar na oração, para aprofundar processos de formação na fé e para fortalecer o exigente compromisso de ser apóstolos na sociedade de hoje. São lugares de experiência cristã e evangelização que, em meio à situação cultural que nos afeta, secularizada e hostil à Igreja, se fazem muito mais necessários.

§309. Se desejamos pequenas comunidades vivas e dinâmicas, é necessário despertar nelas uma espiritualidade sólida, baseada na Palavra de Deus, que as mantenham em plena comunhão de vida e ideais com a Igreja local e, em particular, com a comunidade paroquial. Por outro lado, conforme há anos
estamos propondo na América Latina, a paróquia chegará a ser “comunidade de comunidades”.

§310. Destacamos que é preciso reanimar os processos de formação de pequenas comunidades no Continente, pois nelas temos uma fonte segura de vocações ao sacerdócio, à vida religiosa e à vida leiga com especial dedicação ao apostolado. Através das pequenas comunidades, também se poderia conseguir chegar aos afastados, aos indiferentes e aos que alimentam descontentamento ou ressentimentos em relação à Igreja.

Os movimentos eclesiais e novas comunidades
§311. Os novos movimentos e comunidades são um dom do Espírito Santo para a Igreja. Neles, os fiéis encontram a possibilidade de se formar cristãmente, crescer e comprometer-se apostolicamente até ser verdadeiros discípulos missionários. Assim exercitam o direito natural e batismal de livre associação, como indicou o Concílio vaticano II e o confirma o Código de Direito Canônico. Seria conveniente incentivar alguns movimentos e associações que mostram hoje certo cansaço ou fraqueza e convidá-los a renovar seu carisma original, que não deixa de enriquecer a diversidade com que o Espírito se manifesta e atua no povo cristão.

§312. Os movimentos e novas comunidades constituem valiosa contribuição na realização da Igreja Particular. Por sua própria natureza, expressam a dimensão carismática da Igreja: “Na Igreja não há contraste ou contraposição entre a dimensão institucional e a dimensão carismática, da qual os movimentos são expressão significativa, porque ambos são igualmente essenciais para a constituição divina do Povo de Deus”. Na vida e ação evangelizadora da Igreja, constatamos que no mundo moderno devemos responder a novas situações e necessidades da vida cristã. Nesse contexto, também os movimentos e novas comunidades são uma oportunidade para que muitas pessoas afastadas possam ter uma experiência de encontro vital com Jesus Cristo, e assim recuperar sua identidade batismal e sua ativa participação na vida da Igreja. Neles “podemos ver a multiforme presença e ação santificadora do Espírito”.

§313. Para aproveitar melhor os carismas e serviços dos movimentos eclesiais no campo da formação dos leigos, desejamos respeitar seus carismas e sua originalidade, procurando que se integrem mais plenamente na estrutura originária que acontece na diocese. Ao mesmo tempo, é necessário que a comunidade diocesana acolha a riqueza espiritual e apostólica dos movimentos. É verdade que os movimentos devem manter sua especificidade, mas dentro de uma profunda unidade com a Igreja particular, não só de fé mas de ação. Quanto mais se multiplicar a riqueza dos carismas, mais os bispos serão chamados a exercer o discernimento espiritual para favorecer a necessária integração dos movimentos na vida diocesana, apreciando a riqueza de sua experiência comunitária, formativa e missionária.

Documento de Aparecida 2007

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