Virtudes
"Ocupai-vos com
tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, tudo o que há de louvável,
honroso, virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor" (Fl 4,8).
- A virtude é uma disposição
habitual e firme para fazer o bem.
- Permite a pessoa não só
praticar atos bons, mas dar o melhor de si.
- Com todas as suas forças
sensíveis e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, procura-o e escolhe-o
na prática.
"O objetivo da
vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus."
Virtudes humanas
- As virtudes humanas são
atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e
da vontade que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos
segundo a razão e a fé.
- Propiciam, assim, facilidade,
domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa. Pessoa virtuosa é aquela
que livremente pratica o bem.
- As virtudes morais são
adquiridas humanamente.
- São os frutos e os germes de
atos moralmente bons; dispõem todas as forças do ser humano para entrar em
comunhão com o amor divino.
Distinção das virtudes cardeais
- Quatro virtudes têm um papel de
"dobradiça" (que, em latim, se diz "cardo, cardinis").
- Por esta razão são chamadas
"cardeais": todas as outras se agrupam em torno delas. São a
prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.
"Ama-se a
retidão? As virtudes são seus frutos;
ela ensina a
temperança e a prudência a justiça e a fortaleza" (Sb 8,7).
- Estas virtudes são louvadas em
numerosas passagens da Escritura sob outros nomes.
- A prudência é a virtude que dispõe a razão prática a
discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os
meios adequados para realizá-lo.
"O homem sagaz
discerne os seus passos" (Pr 14,15).
"Sede prudentes
e sóbrios para entregardes às orações" (1 Pd 4,7).
- A prudência é a "regra
certa da ação", escreve Sto. Tomás citando Aristóteles. Não se confunde
com a timidez ou o medo, nem com a duplicidade ou dissimulação.
- É chamada "cocheiro",
isto é "portadora das virtudes", porque, conduz as outras virtudes,
indicando-lhes a regra e a medida.
- É a prudência que guia
imediatamente o juízo da consciência.
- O homem prudente decide e
ordena sua conduta seguindo este juízo.
- Graças a esta virtude, aplicamos
sem erro os princípios morais aos casos particulares e superamos as dúvidas
sobre o bem a praticar e o mal a evitar.
- A justiça é a virtude moral que consiste na vontade
constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido.
- A justiça para com Deus
chama-se "virtude de religião".
- Para com os homens, ela nos
dispõe a respeitar os direitos de cada um e a estabelecer nas relações humanas
a harmonia que promove a equidade em prol das pessoas e do bem comum.
- O homem justo, muitas vezes mencionado
nas Escrituras, distingue-se pela correção habitual de seus pensamentos e pela
retidão de sua conduta para com o próximo.
"Não favoreças o
pobre, nem prestigies o poderoso.
Julga o próximo
conforme a justiça" (Lv 19,15).
"Senhores, dai
aos vossos servos o justo e eqüitativo,
sabendo que vós
tendes um Senhor no céu" (Cl 4,1).
- A fortaleza é a virtude moral que dá segurança nas
dificuldades, firmeza e constância na procura do bem.
- Ela firma a resolução de
resistir as tentações e superar os obstáculos na vida moral.
- A virtude da fortaleza nos
torna capazes de vencer o medo, inclusive da morte, de suportar a provação e as
perseguições.
- Dispõe a pessoa a aceitar até a
renúncia e o sacrifício de sua vida para defender uma causa justa.
"Minha força e
meu canto é o Senhor" (Sl 118,14).
"No mundo tereis
tribulações, mas tende coragem:
eu venci o mundo" (Jo 16,33).
- A temperança é a virtude moral que modera a atração pelos
prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados.
- Assegura o domínio da vontade
sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade.
- A pessoa temperante orienta
para o bem seus apetites sensíveis, guarda uma santa discrição e "não se
deixa levar a seguir as paixões do coração".
- A temperança é muitas vezes
louvada no Antigo Testamento:
"Não te deixes
levar por tuas paixões e refreia os teus desejos"
(Eclo 18,30).
- No Novo Testamento, é chamada
de "moderação" ou "sobriedade".
Devemos "viver
com moderação, justiça e piedade neste mundo" (Tt 2,12).
- Viver bem não é outra coisa
senão amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e em toda forma de agir.
- Dedicar-lhe um amor integral
(pela temperança) que nenhum infortúnio poderá abalar (o que depende da
fortaleza), que obedece exclusivamente a Ele (e nisto consiste a justiça), que
vela para discernir todas as coisas com receio de deixar-se surpreender pelo
ardil e pela mentira (e isto é a prudência).
As virtudes e a Graça
- As virtudes humanas adquiridas
pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança sempre retomada com
esforço são purificadas e elevadas pela graça divina.
- Com o auxílio de Deus, forjam o
caráter e facilitam a prática do bem.
O homem virtuoso sente-se feliz
em praticá-las.
- Não é fácil para o homem ferido
pelo pecado manter o equilíbrio moral.
- O dom da salvação, trazida por
Cristo, nos concede a graça necessária para perseverar na conquista das
virtudes.
- Cada um deve sempre pedir esta
graça de luz e de fortaleza, recorrer aos sacramentos, cooperar com o Espírito
Santo, seguir seus apelos de amar o bem e evitar o mal.
CIC-Catecismo da Igreja Católica §1803-1811
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