segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O homem é capaz de Deus (1ª parte)

O desejo de Deus
- O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar:
  • O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador.

- Em sua história, e até os dias de hoje, os homens têm expressado de múltiplas maneiras sua busca de Deus por meio de suas crenças e de seus comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos, meditações etc.).
- Apesar das ambigüidades que podem comportar, estas formas de expressão são tão universais que o homem pode ser chamado de um ser religioso:
  • De um só (homem), Deus fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, fixando os tempos anteriormente determinados e os limites de seu hábitat. Tudo isto para que procurassem a divindade e, mesmo se às apalpadelas, se esforçassem por encontrá-la, embora Ele não esteja longe de cada um de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17,23-28).

- Mas esta "união íntima e vital com Deus" pode ser esquecida, ignorada e até rejeitada explicitamente pelo homem.
Tais atitudes podem ter origens muito diversas:
  • a revolta contra o mal no mundo,
  • a ignorância ou a indiferença religiosas,
  • as preocupações com as coisas do mundo e com as riquezas,
  • o mau exemplo dos crentes,
  • as correntes de pensamento hostis à religião, e finalmente
  • a atitude do homem pecador que, por medo, se esconde diante de Deus e foge diante de seu chamado.

- "Alegre-se o coração dos que buscam o Senhor!" (Sl 105,3). Se o homem pode esquecer ou rejeitar a Deus, este, de sua parte, não cessa de chamar todo homem a procurá-lo, para que viva e encontre a felicidade.
- Mas esta busca exige do homem todo o esforço de sua inteligência, a retidão de sua vontade, "um coração reto", e também o testemunho dos outros, que o ensinam a procurar a Deus.

  • Vós sois grande, Senhor, e altamente digno de louvor:
grande é o vosso poder, e a vossa sabedoria não tem medida.
E o homem, pequena parcela de vossa criação, pretende louvar-vos, precisamente o homem que, revestido de sua condição mortal, traz em si o testemunho de seu pecado e de que resistis aos soberbos.
A despeito de tudo, o homem, pequena parcela de vossa criação, quer louvar-vos.
Vós mesmo o incitais a isto, fazendo com que ele encontre suas delícias no vosso louvor, porque nos fizestes para vós e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em vós. (Santo Agostinho)

As vias de acesso ao conhecimento de Deus
- Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura a Deus descobre certas "vias" para aceder ao conhecimento de Deus.
- Chamamo-las também de "provas da existência de Deus", não no sentido das provas que as ciências naturais buscam, mas no sentido de "argumentos convergentes e convincentes" que permitem chegar a verdadeiras certezas.
- Estas "vias" para chegar a Deus tem como ponto de partida a criação:
  • o mundo material e
  • a pessoa humana.
- O mundo: a partir do movimento e do devir, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode-se conhecer a Deus como origem e fim do universo.
- São Paulo afirma a respeito dos pagãos:
"O que se pode conhecer de Deus é manifesto entre eles, pois Deus lho revelou. Sua realidade invisível - seu eterno poder e sua divindade - tornou-se inteligível desde a criação do mundo através das criaturas" (Rm 1,19-20).
- E Santo Agostinho:
  • "Interroga a beleza da terra,
interroga a beleza do mar,
interroga a beleza do ar que se dilata e se difunde,
interroga a beleza do céu...
 interroga todas estas realidades.
Todas elas te respondem:
  • olha-nos, somos belas.
Sua beleza é um hino de louvor.
- Essas belezas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo, não sujeito a mudança?"

- O homem: Com sua abertura à verdade e a beleza, com seu senso do bem moral, com sua liberdade e a voz de sua consciência, com sua aspiração ao infinito e à felicidade, o homem se interroga sobre a existência de Deus.
- Mediante tudo isso percebe sinais de sua alma espiritual. Como "semente de eternidade que leva dentro de si, irredutível a só matéria" sua alma não pode ter origem senão em Deus.

- O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmo nem seu princípio primeiro nem seu fim último, mas que participam do Ser em si, que é sem origem e sem fim. Assim por estas diversas "vias", o homem pode aceder ao conhecimento da existência de uma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo, "e que todos chamam Deus"

- As faculdades do homem o tornam capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal.
- Mas, para que o homem possa entrar em sua intimidade, Deus quis revelar-se ao homem e dar-lhe a graça de poder acolher esta revelação na fé.
- Contudo, as provas da existência de Deus podem dispor à fé e ajudar a ver que a fé não se opõe à razão humana.
CIC-Catecismo da Igreja Católica §27-35


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